No dia 30 de setembro, aconteceu o painel “Clima e desenvolvimento: visões para o Brasil 2030”, durante a 3ª Conferência Brasileira de Mudança do Clima (CBMC). O painel foi organizado pela iniciativa de mesmo nome – Iniciativa Clima e Desenvolvimento: Visões Para o Brasil 2030 -, que reúne atores da sociedade civil e está formulando um documento para propor novas metas ambientais para o Brasil.
Participaram Andrea Alvares, vice-presidente de marca, inovação, internacionalização e sustentabilidade e membro do comitê executivo da Natura, Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, Roberto Waack, presidente do conselho do Instituto Arapyaú, e Flávio Dino, governador do Maranhão (por vídeo). A mediação foi de Marina Marçal, coordenadora de política climática do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Natalie Unterstell explicou sobre a iniciativa Clima e Desenvolvimento e os próximos passos desse movimento. “Decarbonização é um imperativo”, disse. “Ficou claro, no último relatório do IPCC, que temos que chegar em 2030 com pelo menos 45% das emissões globais que temos hoje. Estamos na rota de reduzir apenas 12%. Há um imperativo para que aceleremos e melhoremos isso”, afirmou. Se, por um lado, com as NDCs ficará difícil neutralizar emissões até 2050, isso também traz muitas oportunidades. Até a COP 26, a iniciativa irá abordar os níveis de ambição e as oportunidades para descarbonizar e crescer. “Quanto mais descarbonização, conseguiremos ter melhor posição econômica e com benefícios sociais”, disse.
Em sua fala, Roberto disse que, ao pensar em visão de futuro, ele a vê estruturada em quatro pilares. Um deles é sobre condições, que são as situações que são inexoráveis. O outro é o mundo das tendências. Há, ainda, o das emergências, que são situações que surgem de forma imprevisível e com as quais é preciso conviver. E, nesse cenário, a emergência climática surge como uma condição e o uso da terra aparece como um elemento central para lidar com essa urgência.
Outra tendência a que é preciso estar atento é o da transição alimentar, afirmou Roberto. “O Brasil é um player fundamental no capital natural e na produção de alimentos, o que faz com que a relevância geopolítica do país só cresça.”
O engajamento da sociedade e a inclusão social, a importância da transparência e rastreabilidade de produtos, o contexto da Amazônia e a bioeconomia também foram temas abordados por Roberto.
Andreia Alvares explicou como a Natura foi à Amazônia há 20 anos, buscando modelos de negócios que promovessem desenvolvimento econômico com manutenção da floresta e benefícios às comunidades e povos da região. “Aprendemos como operar no bioma, respeitando a natureza e os povos da região e conectando tecnologias e ciências para criar produtos diferenciados em tecnologia e valor.” Também falou sobre as metas de neutralização de carbono para 2030 do grupo.
Flávio Dino afirmou que o binômio clima e desenvolvimento é indissociável, e que é preciso almejar patamares mais altos, e falou da atuação do Consórcio de Governadores da Amazônia e o Plano de Recuperação Verde (PRV). “Este documento é a nossa referência e contribuição para que possamos encontrar caminhos duradouros e reais da redução de emissões, transição para economia verde, segurança climática”, afirmou.
Assista ao debate:
[Foto: David Mark/Pixabay]