A transição dos sistemas alimentares foi um dos principais temas da 28ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 28, que ocorreu de 30 de novembro a 13 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Tanto que, no dia 1 de dezembro, foi lançada a Declaração sobre Agricultura Sustentável, Sistemas Alimentares Resilientes e Ação Climática. Inicialmente, mais de 130 países endossaram a declaração, incluindo o Brasil.
Embora sem metas vinculantes, na declaração, os países signatários firmam o compromisso de incluir a agricultura e os sistemas alimentares nas suas próximas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e também em seus planos de adaptação e biodiversidade e estratégias climáticas de longo prazo.
Roberto Waack, como presidente do Conselho do Instituto Arapyaú, foi um dos painelistas no evento “Transformando Sistemas Alimentares em Face às Mudanças Climáticas”, no World Climate Action Summit (WCAS) Leaders Event, que marcou o anúncio da declaração. Em sua fala, Roberto destacou o papel da filantropia em ações necessárias e urgentes, como a transformação dos sistemas alimentares frente às mudanças climáticas.
“A mensagem que eu gostaria de transmitir é apoiada em quatro conceitos chave. A primeira é o papel catalisador das organizações filantrópicas. A segunda é o seu papel na redução de fragmentação de projetos e diferentes iniciativas. A terceira é uma defesa ousada de políticas públicas e a quarta, muito importante, é a liberdade de agir”, afirmou.
Ou seja, explicou, a filantropia pode ter um papel de catalisadora de ações, criando pontes e aproximando diferentes atores rumo a objetivos específicos, e fomentando a formação de redes multistakeholder. A liberdade de atuação “garante mais flexibilidade e velocidade de reação diante das urgências da agenda das mudanças climáticas, em especial nos temas ligados à natureza e incluindo os sistemas alimentares”.
Por fim, Roberto lembrou que vivemos uma emergência, e que é preciso abraçar o fato de que estamos lidando com wicked problems, ou problemas complexos, e que estamos lidando com racionalidade limitada. “A racionalidade é crucial, mas emoções e cultura são igualmente importantes”, destacou.
Roberto Waack compartilhou o palco com Razan Al Mubarak, líder de Alto Nível das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas da COP 28; Antoine de Saint-Affrique, CEO da Danone; Qu Dongyu, diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); e Ismahane Elouafi, diretora executiva do CGIAR (Consultative Group on International Agricultural Research).
O evento também contou com comentários de Bill Gates, copresidente da Fundação Bill & Melinda Gates; Giorgia Maloney, primeira-ministra da Itália; Anthony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos; Afioga Fiamē Naomi Mataʻafa, primeiro-ministro de Samoa; e Joko Widodo, presidente da Indonésia.
Confira o vídeo do painel neste link. O painel de Roberto começa no minuto 44, e a fala acontece no momento 1’ 16’’.
[Foto: COP28 UAE / Flickr]