Em entrevista ao portal Carbon Pulse, em 21 de março de 2025, Roberto Waack analisa que o setor de restauração florestal precisa de instrumentos e investimentos financeiros tradicionais, do “mainstream”, sem ficar restrito aos recursos que vêm de mecanismos como o mercado de créditos de carbono, embora este seja importante.
Em vez de finanças climáticas, para Roberto, é preferível lidar com o conceito mais amplo de finanças, tornando a restauração “uma classe de ativos para investidores convencionais”.
“Essas fronteiras – carbono, biodiversidade, produtos não madeireiros e madeira – precisam de retornos sobre o investimento para se tornarem um pilar para o envolvimento da comunidade financeira”, afirma ele na matéria, em inglês.
Roberto também explicou o conceito de contínuo florestal, que considera a paisagem como um mosaico de áreas em diferentes situações e usos, com níveis variados de conservação, degradação e uso econômico (saiba mais sobre o contínuo florestal aqui).
A importância de pensar dessa forma está no fato de que, dada as pressões sobre as florestas não só no Brasil mas em todo o planeta, a conservação pura é mais difícil de acontecer. Integrar manejo sustentável às florestas é mais realista. “Ao final, chegamos a algo como um ‘mosaico’ de diferentes tipos de florestas com diferentes produtos e retornos sobre investimento”, conta.
Novo arranjos para manejo florestal estão surgindo com o esforço conjunto de poder público e organizações da sociedade civil. Uma delas está no setor de madeira tropical. Este ainda precisa amadurecer, por exemplo, na parte de mecanismos que incentivem o investimento no setor.
Mas há uma importância crescente relacionada à madeira tropical oriunda de áreas de restauração, de manejo florestal e mesmo de monoculturas, afirma Waack, para o uso na construção civil, por ser vista como um material que contribui para a descarbonização dessa atividade (este assunto foi tema deste outro artigo).
“Não estamos realmente abordando as oportunidades de usar a madeira como uma alternativa para os mercados de infraestrutura e de construção. Essa é uma das áreas que o Brasil quer trazer para a mesa na COP30”, conclui.
A reportagem “Brazilian forests need mainstream finance, not just carbon markets” está neste link (para assinantes).
[Foto: EglantineShala/Pixabay]