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O metabolismo geopolítico dos minerais estratégicos para a transição energética

por | 28/03/2025 | Estratégias, Sustentabilidade

O principal assunto político-climático do momento é a transição energética. Em um evento sobre esse assunto realizado na Chatham House, em Londres, foi levantado como os minerais críticos são centrais nessa transição. Por isso, esses materiais têm papel central no “metabolismo da segurança e resiliência energética global”, conta Roberto Waack em artigo publicado em 27 de março de 2025, no Estadão.

As relações de poder geopolítico permeiam o campo desses materiais, com diferentes tipos de desequilíbrio político-econômico ocorrendo entre países compradores e fornecedores. Existem variadas formas (os “metabolismos”) em que esse poder e fragilidade se manifestam. Por exemplo, uma delas é a busca pelo domínio de territórios com potencial de fornecerem esses minerais. Um exemplo inevitável é o atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia, onde minerais estratégicos são parte de um complexo mosaico histórico.

Há, ainda, acordos comerciais de caráter geopolítico, quando países fornecem capital financeiro e tecnológico em troca de acesso a recursos minerais, como aparece na forma com que a China atua na África.

As estratégias tarifárias no comércio internacional compõem o terceiro grupo metabólico; operações comerciais tradicionais, envolvendo especialmente grandes empresas privadas, são uma quarta categoria metabólica. E existem, ainda, modelos metabólicos menos transparentes, que são as trocas entre setores como mineração e segurança militar.

Esse tipo de relações geopolíticas pode chegar a outras agendas, como a do clima e da biodiversidade, escreve Roberto.

“A crescente discussão sobre acesso a recursos naturais e, especificamente, um certo consenso de que o capital natural valerá mais no futuro do que vale hoje, expandem os limites desse jogo para a agenda do clima e das soluções baseadas na natureza ou bioeconomia. Conflitos entre setores dependentes do uso da terra se acentuam”, afirma.

Por isso, para evitar “disfunções metabólicas”, é preciso que sejam estabelecidas regulações globais e standards socioambientais de exploração dos recursos naturais. Esse tratamento “deveria incluir também abordagens que busquem a redução das iniquidades, balanceamento da distribuição de benefícios e licenças sociais para operação, em especial junto a povos impactados pelas operações”.

Ao final, o texto faz uma indagação sobre como o Brasil deve se posicionar nos contextos geopolíticos global e regional (os países andinos são atores da maior relevância neste campo), e qual é a política nacional para o tema dos minerais críticos e como ela se desdobra nos âmbitos regionais e locais.

Leia o artigo completo aqui.

[Foto: Abdul Basit/Unsplash]

 

ROBERTO S. WAACK

É membro dos conselhos da Marfrig, Wise Plásticos, WWF Brasil, Instituto Ethos, Instituto Ipê e Instituto Arapyaú e visiting fellow do Hoffman Center da Chatham House (Londres). Tem uma longa carreira como executivo e como empreendedor, tendo atuado em empresas nas áreas farmacêutica, de biotecnologia e florestas. Foi CEO da Fundação Renova, entidade responsável pela reparação do desastre de Mariana (MG), co-fundador e CEO da Amata S.A. e CEO da Orsa Florestal, além de diretor da Boehringer Ingelheim e Vallée. S.A. É cofundador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Atuação profissional com concentração em governança, planejamento e gestão estratégica, gestão tecnológica&inovação e sustentabilidade. Formado em biologia e mestre em administração de empresas pela USP.

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