Nos últimos 15 anos, vem crescendo uma linha de pesquisa que alia inteligência territorial, modelagem de paisagem e ciências sociais para promover a restauração florestal. Com isso, pesquisadores trazem uma nova abordagem à questão, que possibilita fazer a análise da ocupação do território como um todo para sugerir soluções que aliem conservação e produção. Raoni Rajão, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é referência na área e conversa com Roberto sobre essa visão sistêmica da bacia do Rio Doce, neste episódio da série Diálogos: No Caminho da Reparação.
Para Raoni, é preciso entender o que aconteceu na região nos últimos 200 anos. A bacia era bem conservada até o fim do século 19, mas foi sendo degradada com a exploração madeireira intensa e a pecuária desordenada. Em 2015, quando houve o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, a economia rural encontrava-se decadente. “Existe um problema muito mais amplo do que voltar a [como era tudo em] 2015. Há um déficit de melhores gestão e práticas que são de décadas. O desafio se torna maior”, explica.
Ele lembra também que a recuperação e restauração ocorre em termos de décadas, e é preciso cautela para, por exemplo, plantar no lugar certo, para que se possa colher os frutos esperados dentro de alguns anos. Raoni falou ainda da capacidade que a ciência tem de beneficiar a sociedade, mas que deve haver um diálogo com ela para que os resultados esperados aconteçam.
A série Diálogos: No Caminho da Reparação foi produzida pela Fundação Renova, entidade criada para promover a reparação e recuperação da bacia do Rio Doce, atingida pelo rompimento da barragem de rejeitos em Mariana. Roberto foi diretor presidente da entidade. Assista aos vídeos aqui.