O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) lançou no Brasil a iniciativa de governança climática Chapter Zero Brazil – The IBGC Climate Forum, parte de uma rede global, surgida em 2019, como desdobramento do grupo de trabalho Climate Governance Initiative, do Fórum Econômico Mundial. A iniciativa busca mobilizar conselheiros de empresas para discutir o papel das organizações e seus líderes nas mudanças climáticas e contribuir para a redução a zero das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) até 2050.
O lançamento foi marcado por uma série de debates on-line realizada entre os dias 22 e 26 de março. Roberto Waack participou do evento do dia 24 de março, intitulado O Brasil no contexto global: iniciativas para potencializar os negócios (Brazil in the global context: initiatives to enhance business), como visiting fellow da Chatham House e membro independente de conselhos de empresas.
Também participaram da conversa Carlos Nobre, climatologista e membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências; Helle Bank Jorgensen, CEO da Competent Boards; e Sandra Guerra, membro independente do Conselho da Vale. A moderação foi de Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).
A proposta do evento foi discutir a natureza internacional dos negócios e a expansão das cadeias de suprimentos, que exigem que os líderes empresariais obtenham uma visão de mercado fora de seus países e os desafios e oportunidades apresentados pelo Brasil.
Durante o debate, Roberto falou sobre o quanto os conselhos de organizações precisam estar envolvidos na discussão sobre e redução de emissões de GEE, e explicou a atuação e as metas da Marfrig nesse sentido. Ressaltou que esse tema faz parte das discussões das reuniões do conselho da empresa, que adotou como um dos pontos centrais a metodologia da Science Based Targets. “A ambição precisa partir do conselho, dos acionistas, mas tem que estar relacionada a metas concretas, que precisam ser transparentes e submetidas a monitoramento”, comentou. Acrescentou, ainda, que “toda a discussão de carbono precisa incorporar o tema da inclusão social”.
O impacto do desmatamento no agronegócio também foi debatido. “O desmatamento percorre toda a cadeia e afeta o valor da organização, porque é uma externalidade cada vez mais percebida pela sociedade”, afirmou Roberto. Ter essa visão ampla sobre externalidades é central para a governança corporativa, passa pela relação com stakeholders e torna a gestão dos negócios mais complexa, afirmou. Mas lembrou que é preciso acolher e aprender a lidar com essa complexidade.
Assista ao debate:
[Foto: Mauro Segura/Pixabay]