Em agosto de 2021, o WRI Brasil publicou o relatório “Investimento em silvicultura de espécies nativas e sistemas agroflorestais no Brasil: uma avaliação econômica“, que mostra a viabilidade econômica e os benefícios socioambientais do investimento em reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais (SAFs) no Brasil. O documento sintetiza os conhecimentos acumulados pelo Projeto Verena, que foi liderado pelo WRI Brasil, em parceria com a União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), e teve apoio técnico de Roberto Waack.
O documento aborda o contexto global das florestas e seu papel na mitigação das mudanças climáticas; as oportunidades para a restauração da paisagem florestal e o reflorestamento no Brasil; a importância do mercado de madeira; a base para a construção do Projeto Verena; características dos estudos de caso de negócios do projeto; a viabilidade econômica de investimentos na silvicultura e nos sistemas agroflorestais utilizando espécies nativas brasileiras; e conclusões sobre a viabilidade econômica da silvicultura de espécies nativas e dos SAFs.
Na temática da produção de madeira, o estudo afirma que, no contexto de business as usual, o Brasil produziria cerca de 500 milhões de m3 de madeira em 2050 e seria responsável por 8% do suprimento global de madeira. Mas, em um contexto de economia de baixo carbono, o Brasil poderia se tornar um dos principais fornecedores globais, com produção de 1 bilhão de m3 de madeira.
O relatório apresenta também 12 estudos de caso de empresas que operam com espécies nativas na Amazônia e na Mata Atlântica, além de casos de sistemas agroflorestais com espécies variadas, como cacau, café, açaí, mogno, banana, entre outros.
Com relação à viabilidade econômica de silvicultura de espécies nativas e sistemas agroflorestais, o projeto levou em consideração análises dos riscos de mercado dos ativos florestais, taxas de câmbio, inflação, volumes de produção e volatilidade de preços.
O resultado obtido foi uma relação de retorno ao risco para silvicultura de espécies nativas e SAFs comparável à obtida para plantações comerciais de espécies de árvores exóticas que são comumente utilizadas no setor florestal brasileiro atual. A análise de risco, por sua vez, apresentou um risco de mercado menor. Porém, o capital exigido é maior e o período de recuperação é mais longo, o que representa um obstáculo importante para a expansão da silvicultura de espécies nativas no Brasil.
O estudo também destaca que é necessário que o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) aumente para apoiar a competitividade das espécies nativas na silvicultura comercial e nos SAFs, para que ganhem escala de paisagem.
Confira os principais destaques do estudo e faça o download aqui.
[Foto:Desbaste de guanandi, espécie nativa do Brasil, em fazenda localizada no interior de São Paulo. Foto: Rodrigo Ciriello]