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Baixas emissões de carbono no uso da terra (parte 4): vantagens comparativas

por | 05/04/2017 | Mudanças climáticas, Sustentabilidade

Artigo publicado originalmente no site da Fundação Renova.

Vantagens comparativas do Brasil no uso do solo e produção de commodities

O Brasil é uma nação florestal. Mais de 50% de seu território está coberto por florestas nativas, na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica. É um dos países mais biodiversos e um dos maiores detentores de capital hídrico do planeta. Possui amplo território, solos razoavelmente férteis, boa distribuição de chuvas e luz solar. Em síntese, conta com um grande capital natural. Em adição, desenvolveu tecnologias de silvicultura que o levaram a se destacar no campo das florestas plantadas para produzir fibras e, mais recentemente, bioenergia.

O país trilhou um eficiente caminho no desenvolvimento de um dos mais pujantes agronegócios do mundo, liderando rankings de produção de grãos, bioenergia e proteína animal. Conta com um bom capital intelectual no setor agroflorestal. Por causa de um histórico de ocupação territorial complexa e conversão de florestas nativas em áreas voltadas para produzir commodities, o país avançou muito em medidas de comando e controle do desmatamento, com tecnologias de ponta no monitoramento aeroespacial de seu território. Por tudo isso, conta com dois fortes componentes competitivos: o capital natural em si e o capital intelectual para lidar com ele.

Outra característica relevante no campo ambiental brasileiro é a forte presença da sociedade civil. Com ação marcante, ela conquistou relevantes vitórias na área da conservação e no reconhecimento de comunidades originais e de antigas posses. Trata-se de um forte capital social. Longe de se acomodar com vitórias, ele segue aguerrido e inconformado com a inaceitável realidade de como lidamos com nosso capital natural.

A ocupação do solo e seu uso econômico passaram a ser bastante discutidos. Nas últimas décadas, a sociedade civil teve fortes confrontos com o agronegócio. Nasceu daí o Código Florestal, uma das mais avançadas regulamentações voltadas para ordenar o uso de recursos naturais do planeta. Essa legislação, entre outras coisas, define o papel de áreas de conservação permanente, de florestas produtivas e de uso alternativo. Elementos como o georreferenciamento permitem que uma nova forma de gestão do território seja implementada. Dessa maneira, o capital social se fortalece com o capital institucional. Criou-se a forte noção de interdependência, ao lado da percepção de que o diálogo aberto poderá trazer novos elementos.

Clique aqui e confira a quinta parte do artigo.

[Foto: David Mark/pixabay]

 

ROBERTO S. WAACK

É membro dos conselhos da Marfrig, Wise Plásticos, WWF Brasil, Instituto Ethos, Instituto Ipê e Instituto Arapyaú e visiting fellow do Hoffman Center da Chatham House (Londres). Tem uma longa carreira como executivo e como empreendedor, tendo atuado em empresas nas áreas farmacêutica, de biotecnologia e florestas. Foi CEO da Fundação Renova, entidade responsável pela reparação do desastre de Mariana (MG), co-fundador e CEO da Amata S.A. e CEO da Orsa Florestal, além de diretor da Boehringer Ingelheim e Vallée. S.A. É cofundador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Atuação profissional com concentração em governança, planejamento e gestão estratégica, gestão tecnológica&inovação e sustentabilidade. Formado em biologia e mestre em administração de empresas pela USP.

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